domingo, 24 de dezembro de 2017

Meu Primeiro Natal sem Ela


24 de dezembro de 2014. Nosso primeiro Natal (aqui do lado de fora da barriga). Ela com 8 meses e 12 dias engatinhando pela sala, fascinada com as luzinhas da árvore de natal. A nossa (pequena) família reunida, um jantar preparado com todo capricho. Um presente escolhido com muito amor, embrulhado embaixo da árvore para ela abrir sozinha. Eu, cansada das noites em claro, com as costas doendo de correr atrás dela. Nossa casa com brinquedos espalhados por todos os cantos e o amor explodindo nos nossos corações!

Era o plano perfeito! O sonho mais do que lindo! Mas meses antes ele se.desfez por entre meus dedos, e, numa fração de segundos minha menina não respirava mais. Não haveria natal com ela. Nem páscoa, nem aniversário de um aninho, nem primeiro dia na escolinha... Nada mais. Nenhum dos meus sonhos se tornaria realidade. Exceto um: Eu havia me tornado mãe sim. Porém, mãe de colo vazio. Naquela UTI me despedi dela sem conhecer a cor de seus olhos, e fazendo todo o esforço do mundo para me manter em pé. Respirando.

Os dias se passaram, semanas, meses e o primeiro natal sem ela chegou. Frio na barriga, a cabeça girando. Como seria? Que motivos eu tinha para festejar? Então decidimos ouvir nossos corações e vontade de estarmos só. Explicamos para nossa família o quão doloridos estávamos. E que doía até mesmo respirar. O natal não vazia mais sentido. Os braços vazios. A casa vazia. Sem árvore, sem enfeites, sem sonhos, sem minha preciosa menina!

Preparei umas esfihas. Ligamos a TV no Netflix e fizemos uma maratona de seriados. Espalhados no sofá, de pijamas e janela fechada. Fizemos questão de fingir que não estava acontecendo nada lá fora. Celulares e notebooks desligados. Redes Sociais desativadas. Só ouvíamos naquele dia nosso desejo de estarmos sós.
A madrugada chegou e horas depois, o amanhecer. Era dia 25 e seguimos como num dia comum.

E, finalmente aqueles dias acabaram. Natal e Ano Novo se foram. Dormimos durante a virada e só fiz um pedido antes da meia noite, segundos antes de adormecer: precisava de forças. Só isso!

2015, 2016, 2017. Nosso quarto Natal sem ela. Uma irmã chegou nos trazendo alegrias, mas não diminuiu a saudades e a falta que ela faz. Hoje somos três em volta de uma árvore tímida. Não é tão sufocante como na primeira vez. Acredito que por termos nos respeitado nos outros natais e termos ficado sós, e termos deixado doer o que precisou, hoje nos sentimos mais fortes e mais inteiros. Como poderíamos cobrar de amigos e familiares respeito à nossa dor se nós mesmos não nos acolhessemos? Hoje, somos três. Três desejos de que fôssemos quatro hoje. E sempre.

Saudades, minha Amorinha!
Te amo, Sempre!

Autoria: Flávia Cunha

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