sábado, 30 de dezembro de 2017

Um (não tão) Feliz Ano Novo...



Se tem uma coisa que eu aprendi sobre o sofrimento, desde que perdi meu filho pouco depois do nascimento a termo em julho de 2016, é que o luto nos arrebata quando você menos espera. Quando eu imaginava antecipadamente que uma certa data seria muito cruel de passar, o sofrimento geralmente aparecia alguns dias antes de tal data. O primeiro aniversário do meu filho, por exemplo, ou o que deveria ter sido seu primeiro Dia de Ação de Graças.

No último final de ano, época das festas, eu já estava bem aflita em como seria o Dia de Ação de Graças e o Natal. Mas para minha surpresa, foi o Ano Novo que me derrubou. Tinha medo que as pessoas esperassem que um novo ano me trouxesse esperança. Um novo começo. Uma chance de olhar para frente, em vez de para trás. Mas essa expectativa é apenas um ótimo exemplo de como a maioria das pessoas, embora carinhosas e bem intencionadas, entendem mal os sentimentos dos pais em luto.

A passagem do tempo 
Talvez  tenha sido a minha escolha para me concentrar na vida do meu filho em vez de sua morte. E esse tempo, entre hoje e aquelas poucas horas preciosas que tive com ele, é totalmente o oposto de reconfortante ou esperançoso para mim.

Um ano novo significa mais distância entre meu filho e eu. 2016 foi o ano de Jacob, e assim que o relógio atingisse a meia-noite de 1º de janeiro de 2017, nunca mais seria o ano de Jacob. Eu não podia mais dizer que eu tive um filho "este ano". Em vez disso, seria "ano passado". Ou, dentro de algum tempo, "há 2 anos", "3 anos atrás", e assim por diante. Quanto mais tempo passasse, mais as pessoas esperariam que eu tivesse superado ou que meu sofrimento tivesse  diminuído. Eu sabia que esse não seria o caso. O trauma de perder um filho não é como o trauma de um acidente de carro ou um procedimento médico doloroso. Se o seu trauma é a perda de um filho, colocar mais tempo entre você e seu trauma não alivia a dor.

O tempo não cura esse trauma porque a fonte do seu trauma é o amor, e esse amor é algo que você deseja se apegar o máximo possível.

Dor de Ano Novo 
Então, se sua perda for mais recente do que a minha, ou talvez, mesmo que não seja, não se surpreenda se o sofrimento de Ano Novo se agarrar em você. E se você é capaz de explicar isso aos seus amigos e familiares, talvez eles ganhem uma melhor compreensão de como os pais enlutados se sentem. Mas também vou oferecer algumas palavras que eu espero que sejam reconfortantes. À medida que eu chegar em 2018, posso dizer que estou com menos medo de virar essa página do calendário do que em 2017.

Desde que o tempo passou e continuei a falar sobre Jacob, a maioria das pessoas na minha vida parece entender que, o tempo passar não é a resposta para o meu sofrimento. Na verdade, eles não devem esperar que eu pare de lamentar nesta vida. E isso é reconfortante. Meu outro grande medo - que, com o tempo, minhas memórias de minhas poucas horas com meu filho desapareceriam - também foi atenuada. De alguma forma, mesmo com o passar do tempo, lembro facilmente como ele era e o que senti em olhar para o rosto dele. Nunca vou deixar de desejar ter mais tempo com ele, mas pelo menos agora tenho menos medo de que essas memórias desapareçam. E assim, a passagem do tempo é um tanto menos aterrorizante do que no ano passado.

Se o sofrimento te atinge em cheio neste Ano Novo, saiba que você não está sozinho, e que esses sentimentos são muito, muito válidos. Mas tenha o conforto de que a passagem do tempo não pode distanciá-lo do seu filho, tanto quanto você pensa. Seu amor pelo seu filho é forte e preservará sua memória melhor do que você pensa.

Desejo um 2018 tão cheio de paz quanto possível e cheio de amor e memórias de seu filho amado.  

Texto de Elizabeth Yassenoff  
Publicado originalmente em: http://stillstandingmag.com/2017/12/not-happy-new-year/
Tradução Livre: Grupo SobreViver

domingo, 24 de dezembro de 2017

Meu Primeiro Natal sem Ela


24 de dezembro de 2014. Nosso primeiro Natal (aqui do lado de fora da barriga). Ela com 8 meses e 12 dias engatinhando pela sala, fascinada com as luzinhas da árvore de natal. A nossa (pequena) família reunida, um jantar preparado com todo capricho. Um presente escolhido com muito amor, embrulhado embaixo da árvore para ela abrir sozinha. Eu, cansada das noites em claro, com as costas doendo de correr atrás dela. Nossa casa com brinquedos espalhados por todos os cantos e o amor explodindo nos nossos corações!

Era o plano perfeito! O sonho mais do que lindo! Mas meses antes ele se.desfez por entre meus dedos, e, numa fração de segundos minha menina não respirava mais. Não haveria natal com ela. Nem páscoa, nem aniversário de um aninho, nem primeiro dia na escolinha... Nada mais. Nenhum dos meus sonhos se tornaria realidade. Exceto um: Eu havia me tornado mãe sim. Porém, mãe de colo vazio. Naquela UTI me despedi dela sem conhecer a cor de seus olhos, e fazendo todo o esforço do mundo para me manter em pé. Respirando.

Os dias se passaram, semanas, meses e o primeiro natal sem ela chegou. Frio na barriga, a cabeça girando. Como seria? Que motivos eu tinha para festejar? Então decidimos ouvir nossos corações e vontade de estarmos só. Explicamos para nossa família o quão doloridos estávamos. E que doía até mesmo respirar. O natal não vazia mais sentido. Os braços vazios. A casa vazia. Sem árvore, sem enfeites, sem sonhos, sem minha preciosa menina!

Preparei umas esfihas. Ligamos a TV no Netflix e fizemos uma maratona de seriados. Espalhados no sofá, de pijamas e janela fechada. Fizemos questão de fingir que não estava acontecendo nada lá fora. Celulares e notebooks desligados. Redes Sociais desativadas. Só ouvíamos naquele dia nosso desejo de estarmos sós.
A madrugada chegou e horas depois, o amanhecer. Era dia 25 e seguimos como num dia comum.

E, finalmente aqueles dias acabaram. Natal e Ano Novo se foram. Dormimos durante a virada e só fiz um pedido antes da meia noite, segundos antes de adormecer: precisava de forças. Só isso!

2015, 2016, 2017. Nosso quarto Natal sem ela. Uma irmã chegou nos trazendo alegrias, mas não diminuiu a saudades e a falta que ela faz. Hoje somos três em volta de uma árvore tímida. Não é tão sufocante como na primeira vez. Acredito que por termos nos respeitado nos outros natais e termos ficado sós, e termos deixado doer o que precisou, hoje nos sentimos mais fortes e mais inteiros. Como poderíamos cobrar de amigos e familiares respeito à nossa dor se nós mesmos não nos acolhessemos? Hoje, somos três. Três desejos de que fôssemos quatro hoje. E sempre.

Saudades, minha Amorinha!
Te amo, Sempre!

Autoria: Flávia Cunha

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O que eu sinto faz parte do luto ou estou com depressão?



Quando uma mãe sofre uma perda gestacional ou do recém nascido, a dor é intensa e é comum que haja dificuldade em discernir se o que está havendo é um processo de luto, ou se instalou-se uma depressão. Para iluminar essa questão, vamos conversar um pouco sobre o que é o luto, o que é a depressão, e qual a relação entre os dois.

O que é o luto?


O luto é o processo que ocorre em reação a uma perda que impacta áreas extensas da vida e que ressignifica muitos aspectos daquilo que relacionamos com a nossa identidade.

Para começar essa explicação, vou dar um contra-exemplo: se uma pessoa perde por exemplo o seu celular, essa perda impacta áreas limitadas de sua vida (principalmente a sua conta bancária, pois obriga a comprar outro aparelho), e pode até trazer uma certa tristeza ao lembrar por exemplo das fotos que essa pessoa tinha lá e não vai recuperar. Mas essa perda não muda quem essa pessoa é; não muda sua identidade, nem seus planos para o futuro, nem o significado de eventos na sua história. Então, podemos dizer que há sentimento de tristeza, mas não vamos descrever isso como um processo de luto.

Por outro lado, se uma pessoa perde por exemplo o seu marido, essa perda, além de forçar mudanças em áreas extensas da vida tais como, além da conta bancária, a casa, a rotina, os hábitos de sono,de alimentação, a compra do supermercado, a quantidade de roupa para lavar, o cuidado com os filhos, o relacionamento com a família do cônjuge, essa perda também impacta diretamente aspectos da vida relacionados à identidade. Questões do tipo “quem sou eu?” (se eu sou casada ou viúva, se eu sou uma pessoa solitária ou não, se eu gosto de ficar em casa ou não, se eu tenho família ou não) aparecem na sequência deste evento, exigindo revisões. Assim também seus planos para o futuro precisam ser revistos: se pretende ter mais filhos ou não, o que pretende fazer na sua aposentadoria, o que fará nas próximas férias… A percepção desta mudança que aconteceu com a morte do ente querido traz muita tristeza; todo esse processo de reavaliações e mudanças nas interpretações e ideias consome muito tempo e energia. A esse processo como um todo damos o nome de luto.

Assim, o luto é um processo natural e muito necessário que nos permite nos adaptar a uma nova realidade. Sem ele nós não conseguiríamos nos ajustar ao que aconteceu; continuaríamos tentando viver da mesma maneira que vivíamos antes. A pessoa que perdeu o marido continuaria tentando falar com ele antes de decidir o que cozinhar no jantar; e ao não conseguir fazer contato com ele, continuaria se sentindo triste e frustrada. O processo do luto permite que se crie uma nova forma de viver, uma nova rotina que incorpora o fato acontecido. Talvez tenha coisas que ela precise aprender a fazer sozinha, coisas que ele fazia por ela. Talvez ela não soubesse dirigir. Quando ela aprende a fazer essas coisas, precisa rever de novo ideias relacionadas à identidade: quem sou eu? Eu era alguém que não sabia dirigir, mas agora eu sou uma motorista. Essa pessoa que perdeu o marido, além de perceber que não pode mais contar com ele para decidir o cardápio do jantar, talvez também decida fazer outras mudanças, talvez perceba que agora não tem sentido mais cozinhar no jantar, e passa a fazer compras para um lanche, e vai de carro até o supermercado. Nesse momento ela passa a poder atravessar essa parte do dia sem entrar em contato tão intenso com o sentimento de perda; sem se frustrar por tentar conversar com alguém que já não está lá; talvez com mais leveza por uma rotina mais fácil de manejar. Ela nunca vai deixar de sentir saudades do marido, mas talvez agora lembre dele de um jeito mais com ternura que com dor. E esse é o trabalho do luto. Por paradoxal que possa parecer, pois o luto é um processo muito dolorido, ele é o caminho de ajuste à mudança que nos permite deixar de sentir tanta dor. É como o processo de cicatrização de um corte: primeiro inflama, fica quente, vermelho, dolorido. Mas é justamente esse processo inflamatório que depois leva a ferida a se fechar. Quando lembramos disso, fica mais fácil ver que o luto é um processo natural e necessário.

Preocupante mesmo é quando o luto não acontece, ou quando ele “enrosca”, ou “empaca”. E isso pode acontecer quando junto do luto está acontecendo um processo de depressão.

Mas então, o que é depressão?


Depressão é uma doença que acontece quando, por fatores fisiológicos, ambientais ou comportamentais, cria-se um desequilíbrio tão grande na bioquímica do cérebro que ele começa a “não funcionar direito” de uma maneira geral. Um dos sintomas da depressão é uma intensa tristeza, mas não é o único sintoma e nem o mais relevante. Por conta do desequilíbrio bioquímico que acontece no cérebro de quem está com depressão, para além da tristeza essa pessoa também vai relatar alterações de humor: ficar mais apática ou mais irritada que o normal considerando a situação; vai relatar que coisas que antes eram prazerosas ou interessantes deixam de ser; ela vai ter muito pouca vontade de fazer as coisas, mesmo coisas que ela antes considerava legais; essa pessoa vai ter dificuldade de aprender coisas novas, dificuldades de manter a atenção, dificuldades com o padrão de sono, tendo ou muito sono, ou insônia, e também de alimentação, comendo demais ou de menos. Atenção para o fato de que na depressão esse é um estado quase que permanente. Diferente de uma pessoa saudável, que tem dias em que não está muito bem e pode ter aqui ou ali uma noite de insônia, um momento sem motivação, a pessoa que tem depressão se sente assim a maior parte do tempo, por meses a fio. E um fator importante: essa pessoa vai ter muita dificuldade de romper esses padrões; muita dificuldade de inventar maneiras novas e criativas de resolver os problemas; muita dificuldade em ser flexível e se adaptar. Ela vai muitas vezes descrever que está presa, sufocada, sem saída. Pode perder a esperança de melhora e, em casos extremos, achar que se matar pode ser a única solução para sair desse “buraco”.

Como disse no parágrafo anterior, a depressão pode ser causada por fatores fisiológicos, ambientais ou comportamentais. Assim, nem sempre é necessário o uso de medicamentos antidepressivos para o tratamento da depressão. A terapia pode ajudar a modificar os aspectos ambientais e comportamentais e trazer um alívio significativo, e muitas vezes essa modificação é o fator chave do tratamento e da prevenção de recaídas. Porém, como também mencionado acima, quando se instala a depressão o cérebro como um todo não está funcionando tão bem quanto deveria e as capacidades de atenção, aprendizado de novos comportamentos, e a sensibilidade a estímulos prazerosos estão reduzidas. Isso torna a terapia mais difícil, pois o sucesso da terapia muitas vezes depende do aprendizado de novas estratégias e comportamentos. É por esse motivo que, como diversos estudos indicam, o melhor resultado para o tratamento da depressão está na combinação dessas duas estratégias; a medicação para um alívio de curto prazo e um aumento na plasticidade do cérebro, (que é a capacidade de se aprender coisas novas e de se modificar), e a terapia para a promoção das modificações duradouras que permitem se tornar independente do medicamento e nos protegem das recaídas.

Como se pode perceber, o luto e a depressão são duas coisas bem diferentes. Um é um processo normal, necessário e adaptativo; a outra é uma doença que pode levar à morte em casos extremos. Porque essas duas coisas se confundem tanto uma com a outra? E principalmente: existe relação entre luto e depressão?

Para responder a essa pergunta, eu vou fazer uma analogia: vamos dizer que o luto é uma gripe, enquanto que a depressão é uma pneumonia.

Como é uma gripe? Em geral, tem evolução benigna, e se estiver tudo bem com a pessoa, se estiver saudável, se alimentando bem e descansando, o corpo consegue resolver isso sozinho. Pode levar um tempo, e a pessoa pode até querer tomar um antigripal para ajudar a lidar com os sintomas, mas em geral no final dá tudo certo. O luto também: em geral evolui bem, e se a pessoa estiver razoavelmente equilibrada, sendo cuidada por seus entes queridos, em um ambiente minimamente adequado, onde as pessoas respeitem seu tempo e seus sentimentos, costuma se resolver sozinho. Pode até levar um tempo, e a pessoa pode querer contar com um auxílio de um grupo de apoio ou uma psicoterapia para lidar com os sintomas, mas no final dá tudo certo.

Mesmo assim, uma gripe pode ser preocupante em alguns casos: se a pessoa já tem doenças respiratórias prévias, tipo asma; se a pessoa está com o sistema imunológico enfraquecido, ou se já está doente com alguma outra coisa. É mais difícil de tratar se a pessoa vive num lugar com um ambiente muito ruim: se o ar é muito frio, muito seco, ou muito poluído. E normalmente nesses casos a gripe preocupa justamente porque pode virar uma pneumonia. Igual o luto: se a pessoa já não vinha bem, já enfrentava algum tipo de sofrimento emocional como uma história de abandono ou invalidação, se tinha perdas anteriores não resolvidas, ou se vive num ambiente muito hostil, onde não tem apoio, é silenciada, julgada, a coisa pode se complicar. E nesse caso, o luto pode virar depressão, que é como uma pneumonia: é mais preocupante, merece mais cuidado, pode evoluir mal, normalmente precisa de medicação pra se resolver. Não pode bobear.

Então veja: não é que uma coisa sempre leva à outra; você pode ter uma gripe e ela nunca virar pneumonia, assim como vc pode ter pneumonia sem ter tido gripe. Mas dá pra dizer que estar com gripe pode aumentar a sua chance de ter pneumonia em alguns casos, porque ela te deixa mais vulnerável. Assim também o luto e a depressão: muitos lutos se resolvem bem sem virar depressão, e muita gente tem depressão sem ter tido luto. Mas o processo do luto é exigente para o nosso corpo, para a nossa mente, e para as nossas emoções, e pode nos deixar mais vulneráveis. É nesse sentido que muitas vezes a terapia ou os grupos de apoio podem nos proporcionar aquele descanso tão merecido que acelera nossa recuperação, e previne uma evolução ruim. E caso mesmo assim a coisa se complique e o luto vire depressão, a gente já venceu aquela etapa de ter que se apresentar pro terapeuta ou no grupo pra explicar tudo o que está acontecendo, e pode contar com um auxílio mais imediato.

Autoria: Tatiana Perecin - psicóloga

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Em luto nas festas de final de ano – Um guia de sobrevivência



“É a época mais maravilhosa do ano”. Uma música otimista e cativante proclama isto, então deve ser verdade! A menos que não seja. A menos que seja o oposto da verdade. A menos que os cumprimentos de Feliz Natal e Feliz Ano Novo e as reuniões mais felizes, e aqueles amigos que irão telefonar sejam exatamente o oposto do que gostaria. A menos que você não esteja comemorando e seu coração esteja longe de brilhar.

Eu não pretendo oferecer uma cura mágica para o luto durante o que é a época mais dura do ano para o enlutado. Mas como estamos cada vez mais próximos do final do ano (já temos árvores de Natal nas lojas, pelo amor de Deus), eu me sinto compelida a compartilhar o que me atrapalhou na época mais difícil do ano e que continuou apesar dos meus protestos, logo nos primeiros meses após a perda de Jacob no ano passado.

Como eu disse muitas vezes antes, cada um sofre de uma forma diferente, então definitivamente pegue minha abordagem e faça a sua própria. Talvez os feriados te trarão uma distração mágica e você talvez aproveite muito – E está tudo bem! Talvez você seja forçada a passar reto pelos sentimentos porque você tem mais filhos, e isto é admirável! Talvez você esteja em algum lugar no meio disto tudo, mas aqui estão algumas ideias que eu espero possam diminuir a dor dos seus feriados.

1. Desative suas mídias sociais (ou pelo menos limite seu tempo nelas). Comparações são ladras da felicidade, especialmente quando você compara sua vida em luto com a vida cheia de brilho que todo mundo posta no Facebook ou Instagram. Então simplesmente não faça. Tempos em particular para evitar: Halloween, Ação de Graças, o mês de dezembro e o Ano Novo.

2. Deixe que outra pessoa lide com os doces na noite das Travessuras e Gostosuras. Se você for como eu, Halloween talvez não passe imediatamente como gatilho pela sua cabeça, mas entre mídias sociais e Travessuras e Gostosuras você pode evitar bebês fofos e crianças em fantasias, e o doloroso pensamento que você não terá isto com o seu pequeno, este ano ou qualquer outro ano.

3. Está tudo bem dar graças. Ou não. O dia de ação de graças foi muito difícil para mim, não somente porque sempre foi meu feriado favorito e agora eu não irei compartilhar isto com meu filho, mas porque eu me sinto culpada por não me sentir grata. Uma vez que eu reconheci que eu estava realmente agradecida por muitas coisas na minha vida mas este ano um sentimento de gratidão geral era compreensivelmente impossível para mim, eu fui capaz de deixar a culpa sair, relaxar, e passar pelo dia. Está tudo bem se o agradecimento não está no topo dos seus pensamentos para você neste dia de ação de graças. Isto não significa que você é ingrata com as bênçãos que você tem, isto somente significa que você está se permitindo ter espaço para o seu luto, o que é muito necessário. Então eu te encorajo a participar  do dia de ação de graças, na medida do possível para você, mesmo que não signifique nada.

4. Incorpore seu bebê em todas as celebrações que você estiver. Jacob está representado em todas as nossas festas, seja com uma vela especial para ele, a presença do Ursinho Jacob (da Molly Bears), ou uma oração especial. Certificarmos que ele é lembrado é o único caminho que parece certo para passar pelas emoções na medida em que fizemos.

5. Tenha alguém para olhar sua caixa de correios. Cartões de Natal com famílias (completas) e felizes podem ser um grande gatilho quando você sabe que um membro da família sempre estará faltando em seus cartões. Eu descobri que é melhor não olhar para eles quando se tem crianças pequenas envolvidas, então meu marido os olha. Se o seu esposo (a) preferir não ter este gatilho também, peça para um amigo ou membro da família para abrir e selecionar suas cartas para você.

6. Sem desculpas, diga não para qualquer evento/encontros que não soem bem para você. Eu recusei convites para drinks festivos, assar cookies e festas de final de ano, e eu não tive vergonha em ser honesta com as minhas razões: eu estava escolhendo ignorar as festas de final de ano porque elas me machucavam muito. Todo mundo entendeu, e eu me senti melhor sendo honesta do que inventando uma desculpa.

7. Não se sinta forçada a passar por cima das suas emoções. Eu nunca imaginei, até o último ano, quantas pequenas tradições eu tinha no final do ano que afetavam meu dia-a-dia do final de novembro até janeiro. Eu sempre ouvia nada além de música de Natal do final de semana de Ação de Graças até o dia de Natal. Eu celebrava a chegada dos copos vermelhos e das bebidas festivas do Starbucks, e enviava cartões de Natal para um grande número de familiares e amigos. Eu não fiz nada disto ano passado. Se eu ia ao Starbucks, eu não pedia as bebidas festivas, e colocava a bebida em uma caneca diferente ou usava minha luva da Gilmore Girls para cobrir o copo J. Nós não mandamos nenhum cartão, e eu evitei todas as músicas de Natal. Este estado de negação sobre a época de Final de Ano foi a única maneira com a qual eu consegui passar aquelas semanas sem cair completamente em depressão.

8. Mude sua rotina de final de ano. Viaje, vá para outro lugar ou fique com pessoas diferentes, peça ou dê doações para caridade ao invés de presentes, etc. Não faça nada disto se não puder. Nós viajamos no Natal, e sair da rotina normal me permitiu sentir um pouco mais animada, sem o sentimento de que nós estaríamos fazendo a mesma coisa com o Jacob, mas sem ele. Nós fomos à igreja, mas não na que costumávamos ir. Nós tivemos um jantar de Natal em um restaurante em nosso destino de viagem, ao invés de ir ao nosso tradicional jantar de família. Nós pedimos doações para caridade ao invés de presentes. Esta foi a maneira que pareceu correta para nós, mas tiveram vários momentos difíceis nos quais percebemos que não importa o que, sempre era errado sem o Jacob.

Eu não estou fingindo que passar pelo final do ano será fácil. Não será, se você está no luto recente, ou a muitos anos nele. Eu não penso que um dia se tornará confortável celebrar as festas sem um ente querido (bebê ou não). Mas espero que estas dicas possam aliviar alguns pontos desconfortáveis para você como fizeram para mim.

Você tem alguma dica para sobreviver às festas sem um ente querido? Por favor compartilhe nos comentários se você se sentir confortável para fazer isto! Estou mandando muito amor para você nesta época de festas!


Autoria: Elizabeth Yassenoff
Tradução livre: Stephanie Oliveira
Texto original em inglês no blog Carrying Jacob.