"Se não fosse pelo meu filho mais velho, eu acho que não conseguiria sobreviver."
"Sem meus filhos vivos, eu acho que não teria encontrado nada pelo que valesse a pena viver ."
"Se eu não tivesse tido o meu bebê arco-íris, eu não sei se eu conseguiria ter encontrado esperança outra vez."
"Eu não sei se valeria a pena viver sem os meus filhos."
Eu ouvi estas
afirmações inúmeras vezes nos últimos anos desde que minha filha morreu antes
do nascimento. Eu ouvi isso de várias mães e pais que perderam seus filhos,
ouvi de amigos, familiares, clientes e colegas de trabalho.
O pensamento
básico atrás dessas afirmações? Sem um filho vivo a vida não vale a pena.
Esperança e
sobrevivência após a morte de uma criança está fora de cogitação e é
impossível. Sobreviver é o melhor que podemos fazer após a morte de um ou de
todos os nossos filhos. Estas são as mais dolorosas, e possivelmente as mais
perigosas, afirmações para mães que perderam seus filhos – mães sem nenhum
filho ou filha vivos.
E cada uma dessas
afirmações são pura besteira. Um completo absurdo.
Perder nossos
filhos é devastador. Nós ficamos com braços doloridos, corações partidos, um
sofrimento que não conseguimos explicar, uma perda inacreditável. Esta é uma
perda que ficará conosco pelo resto de nossas vidas.
Colocar este tipo
de afirmação como verdades absolutas dá a falsa e perigosa sensação às mães
enlutadas de que não existe esperança para elas, nenhuma razão pela qual valha
a pena viver após a perda de nossas crianças. As perdas que tivemos modificaram
totalmente nossas vidas, mas mesmo ainda como “mães invisíveis” nossa esperança
não morreu.
A vida não deixa
de valer a pena ou se torna apenas sobrevivência quando nossos bebês morrem. Nós,
como indivíduos, como humanos, como mães de bebês que se foram cedo demais,
merecemos viver ainda. Nós, apenas nós como indivíduos. Nós somos razão suficiente
para viver – para lutar pela vida, pela beleza, pela alegria, pela plenitude de
viver novamente. Nossas crianças, vivas ou mortas, são lindas e maravilhosas
fontes de propósito e inspiração e alegrias. E nós podemos ter propósito e
inspiração e alegria mesmo sem elas aqui conosco.
Nós merecemos
isso!
Nós merecemos
esta esperança!
Nós merecemos
esta vida plena e bonita – mesmo se nunca nos sentirmos completas novamente!
Nós valemos a
pena!!
Vale a pena viver
por nós mesmas. Mesmo sem nossos bebês. Mesmo que a vida na maioria das vezes
não aconteça como nós planejamos. Mesmo que seja dolorosa e para sempre tenha
um sabor agridoce.
Nós podemos ter
esperança!
Nós não
precisamos apenas sobreviver, mas aprender a florescer novamente.
Vale a pena viver
por nós mesmas, porque nós somos simplesmente suficientes para e como nós
mesmas.
Palavras são
criaturas poderosas – se dita por outra pessoa ou por nós mesmas. Vamos usar
este poder com sabedoria, com muito amor e carinho por todas nós.
Ao invés de
dizer, "Se não fosse pelo meu filho
mais velho, eu acho que não conseguiria sobreviver”, talvez diga, “Eu sou tão grata pelo filho que ainda tenho
comigo”.
Ao invés de
dizer, "Sem meus filhos vivos, eu
acho que não teria encontrado nada pelo que valesse a pena viver ", tente
“A vida é muito dura após a perda de uma
criança e eu sou grata pelo filho que ainda tenho comigo”.
Ao invés de
dizer, "Se eu não tivesse tido o meu
bebê arco-íris, eu não sei se eu conseguiria ter encontrado esperança outra
vez" diga “Sou grata pela chance
de ser mãe de uma criança viva mesmo que eu sinta muita saudade do meu filho
mais velho”.
Ao invés de
dizer, "Eu não sei se valeria a pena
viver sem os meus filhos", tente “A
vida sem minhas crianças é pesada e dolorosa mas eu estou procurando por razões
para encontrar esperança”.
Você pode ser a sua esperança!
A sua vida vale a
pena ser vivida, por você e somente por você!
Linda mamãe, você
é razão suficiente para viver!
Lute para viver
plenamente!
por Emily Long –
Still Mothers
(Tradução livre – Grupo Sobreviver –
Junho/2016)