sábado, 12 de agosto de 2017

Um pai de coração partido...



Muitos sonham ser pais, e eu sonhei, muito! 
Me imaginava vivendo mil coisas novas, estava preparando minha mente para uma vida totalmente nova! Veio a notícia da gravidez e tudo, depois a descoberta que seria uma menina! Meus olhos e de minha esposa brilhavam. Uma nova vida começa a aparecer em nós, um colorido diferente. As idas ao shopping e supermercados são diferentes, vitrines de roupas infantis passam a conquistar nossos olhos. Durante 9 meses um amor intenso e imensurável se formou... Marcela foi sonhada, desejada, planejada, um mundo novo se criou para sua chegada. 

Mas tudo desmoronou e se desconstruiu por conta de um parto sem assistência. 

A vida perde todo o sentido! Os sentimentos se congelam e os olhares se perdem. Datas comemorativas, como esta, se tornam pesadas e uma verdadeira tormenta, por ser um pai de braços vazios. 

E o sofrimento de um pai é por muitas vezes calado e silenciado. Lembro das inúmeras vezes que me fazia forte dentro de casa para apoiar minha esposa e chorava no banheiro da empresa compulsivamente ou no carro enquanto voltava para casa do trabalho. 

O coração de um pai de braços vazios sangra muito por trás de muitas vezes um sorriso amarelo. 

Mas somos pais e seremos eternamente! Amamos e sempre amaremos intensamente! 

Aos poucos retomamos a vida, sem um pedaço, e sem um pedaço que dói para sempre! Pois as idas ao shopping e aos supermercados de um pai de braços vazios nos fazem lembrar... o ver outras crianças em carrinhos e bebê conforto esmagam o nosso peito! A saudade quando vemos as fotos da gravidez, as lembranças do Facebook... 

Dói, dói muito! E dói porque somos pais de verdade e SEMPRE seremos, pois sempre amaremos e sempre carregaremos nossos filhos e filhas em nossos corações e lembranças! 

Hoje, após a perda da minha preciosa Marcela, tenho a Manuela, que veio trazer cores lindas e especiais em meu viver! Porém sou Pai de duas lindas meninas e a Manuela jamais tomará ou substituirá a Marcela, da qual não me esqueço nem um dia da minha vida. 

Queridos pais, apesar dos braços vazios, sejamos fortes, pois a vida está diante de nós e apesar das dores que carregamos há um mundo de possibilidades! E dentro dessas possibilidades está a possibilidade de viver novas alegrias e suportar um pouco melhor as dores que também carregamos. 

Um fortíssimo abraço, cheio dos mais nobres sentimentos! E nunca, jamais se esqueçam que chorar e sofrer também é viver, e que NINGUÉM tem o direito de invalidar tal sentimento, seja por conta de tempo ou qualquer outra razão. 

Marcelo, pai da Marcela e da Manuela.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Dia dos Pais



No Dia dos Pais
Depoimento anônimo no site Still Mothers

O Dia dos Pais é o dia mais difícil do ano para mim. Mais difícil do que as datas que minha esposa espera e que passamos de braços dolorosamente vazios. Mais difícil do que os aniversários do tão esperado teste de gravidez positivo. Mais difícil que o aniversário de finalmente chegar a ouvir um batimento cardíaco. Mais difícil do que os aniversários das datas da perda.

Todas as outras datas são privadas, nossa própria dor, nossas próprias lembranças. Raramente alguém se lembra e reconhece essas datas, o que me traz sua própria dor. Mas o Dia dos Pais é tão público. Há todos aqueles comerciais melosos em todos os lugares nas semanas que antecedem. Você não tem como escapar da contagem regressiva para o dia tão temido seja na TV, no rádio, nas lojas e nas conversas no trabalho.

E o viés social contra o sofrimento e o luto públicos é imenso. Nós, que continuamos sendo pais mesmo após a perda, somos frequentemente lembrados, por palavras ou atitudes, que não somos pais "reais" que deveriam ser reconhecidos no Dia dos Pais. Dizem que devemos engolir nossa dor e comemorar aqueles que são mais dignos do que nós, aqueles que têm seus filhos com eles. E não se atreva a trazer para a conversa seu filho falecido e acabar com o humor das outras pessoas!

Mas a sociedade está muito errada!

Meus colegas pais, este dia é sobre vocês. Vocês ainda são pais. Eu sei que talvez vocês não se sintam assim, mas vocês são; a morte não acaba com o seu amor pelo seu filho e isso não acaba com a sua paternidade. E você merece ser reconhecido por isso, e todos os dias. Infelizmente, muitos de nós temos famílias que não nos reconhecerão. Então, reorganize seu pensamento para se dar permissão para honrar sua própria paternidade.

Para alguns de nós, isso significa sair para comer no domingo e responder sim, quando a garçonete pergunta se você é pai ou levantar na igreja quando o pastor pede a todos os pais para ficarem em pé. Para alguns de nós, isso significa cuidar de si mesmo, evitando gatilhos desnecessários e passando o dia evitando o mundo e fingindo que é qualquer outro dia.


Seja o que for que você decidir, seja gentil com o seu coração de pai já tão machucado.

(Créditos Tradução: Karina Meneghetti)

Como ajudar um pai em luto?




Ajudando um homem que sofre
Allan D. Wolfelt, PhD
Center for Loss and Life Transition - http://www.centerforloss.com/

Um homem com quem você se importa está sofrendo. Alguém que ele amou morreu e você gostaria de ajuda-lo durante este momento difícil. Este artigo ajudará você a saber o que fazer e o que dizer para oferecer amor e companhia ao seu amigo.

Homens sentem a necessidade de serem fortes

Mesmo diante de uma perda trágica, muitos homens em nossa sociedade ainda sentem a necessidade de ser autônomo, inabalável e expressar pouca ou nenhuma emoção externa. Está muito em voga hoje em dia encorajar os homens a expressar seus sentimentos mais abertamente, mas na prática poucos homens fazem isso. A demonstração desse sofrimento é chamada luto. Todos os homens sofrem quando alguém que ele ama morre, mas se eles querem se curar, antes eles precisam viver o luto.

Você pode ajudar oferecendo um “lugar seguro” ao seu amigo para viver o seu luto. Diga a ele que você gostaria de ajudar. Ofereça-se para ouvir quando ele quiser falar. Não se preocupe tanto com o que você vai dizer. Apenas concentre-se nas palavras que estão sendo compartilhadas com você. Diga a ele que na sua presença ele pode expressa qualquer sentimento que ele tenha, como tristeza, raiva, culpa, medo. Com você ele Não tem que ser forte porque você vai oferecer apoio sem julgamento.

Homens sentem necessidade de serem ativos

O sofrimento cria naturalmente um olhar para dentro de si mesmo e uma desaceleração da parte do enlutado, um autofoco temporário que é vital para o processo de cura final. Ainda que para muitos homens isso seja ameaçador. Masculinidade é igual a esforços, movimento e atividade. Muitos homens que estão sofrendo se lançam no seu trabalho na tentativa de se distrair de seus sentimentos dolorosos.

Talvez você possa oferecer ao seu amigo as duas coisas: atividade e tempo de reflexão. Convide-o para andar de bicicleta ou jogar bola. Faça uma caminhada ou vá pescar com seu amigo. Faça ele perceber que você realmente quer saber como ele está indo, como está se sentindo. Durante essas atividades, ele pode compartilhar alguns dos seus pensamentos mais íntimos.

A solução ativa de problemas é outra resposta masculina comum ao sofrimento. Se um filho morre de síndrome da morte súbita infantil (SMSI), por exemplo, o pai pode se envolver ativamente na angariação de fundos para pesquisa de SMSI. Um marido cuja esposa é assassinada pode se concentrar nas investigações e circunstâncias legais em torno da morte dela. Tais atividades podem curar os homens em luto e devem ser encorajadas.

Homens sentem necessidade de serem protetores

Os homens geralmente são considerados "protetores" da família. Eles normalmente trabalham para prover seus cônjuges e filhos com uma casa acolhedora e segura, transporte seguro e bons cuidados médicos. Então, quando um membro de sua família morre, o "homem da casa" pode se sentir culpado. Não importa quão fora de seu controle a circunstância da morte esteja, o homem pode sentir no fundo que ele falhou em proteger as pessoas sob seus cuidados.

Se o seu amigo expressar tais pensamentos, você provavelmente sentirá a necessidade de tranquilizá-lo de que a morte não foi sua culpa. Na verdade, você pode ajudar mais seu amigo apenas ouvindo e tentando entender. Ao permitir que ele fale sobre seus sentimentos de fracasso, você o está ajudando a trabalhar com esses sentimentos à sua maneira e seu próprio tempo.

Tudo bem cada homem sofrer de maneira diferente

Nós dissemos que os homens sentem a necessidade de serem fortes e ativos diante do sofrimento. Estes comportamentos são bons, desde que seu amigo não esteja evitando completamente seus sentimentos. Também é bom para os homens sentir e expressar raiva, ser mais cognitivos ou analíticos quanto à morte, não chorar. Todas essas respostas tipicamente masculinas ao sofrimento podem ajudar seu amigo a se curar; não há um caminho "certo" para viver o luto.

Evite clichês

Às vezes as palavras, particularmente os clichês, podem ser extremamente dolorosas para quem está sofrendo. Os clichês são comentários triviais, muitas vezes destinados a fornecer soluções simples para as realidades difíceis. Os homens costumam ouvir "Você vai superar isso" ou "Não se preocupe, você e Susie (podem ter) têm outro filho" ou "Pense nos bons momentos". Comentários como estes não são construtivos. Muito pelo contrário, eles machucam porque diminuem uma perda muito real e muito dolorosa.

Faça contato

Sua presença no funeral é importante. Como um ritual, o velório e o enterro oferecem uma oportunidade para você expressar seu amor e preocupação neste momento de necessidade. Ao prestar homenagem a uma vida que se foi, você tem a chance de apoiar seu amigo aflito. No funeral, um toque de sua mão, um olhar em seus olhos ou mesmo um abraço diz mais do que as palavras jamais poderiam dizer.

Mas não assista apenas ao funeral e desapareça. Permaneça disponível depois também. O sofrimento é um processo, e seu amigo pode levar anos para reconciliar-se com sua nova vida. Lembre-se de que seu amigo aflito pode precisar de você mais nas semanas e meses após o funeral do que no momento da morte.

Esteja alerta a feriados e outros dias significativos

Seu amigo pode ter um momento difícil durante ocasiões especiais como feriados e outros dias significativos, como o aniversário da pessoa que morreu e o aniversário da morte, Natal ou Dia dos Pais. Esses eventos enfatizam a ausência da pessoa. Respeite essa dor como uma extensão natural do processo de luto.

Estes momentos são adequados para visitar seu amigo ou escrever uma mensagem ou simplesmente dar-lhe um telefonema rápido. Seu apoio contínuo será apreciado e curador.

Observe os sinais de alerta

Os homens que negam e reprimem seus verdadeiros sentimentos de sofrimento podem ter sérios problemas a longo prazo. Como por exemplo:

·      Depressão crônica, reclusão e baixa autoestima
·      Deterioração nos relacionamentos com amigos e familiares
·      Queixas físicas como dores de cabeça, fadiga e dores nas costas
·      Ansiedade crônica, agitação e inquietação
·      Abuso químico ou dependência
·      Indiferença em relação aos outros, insensibilidade e workaholism (excesso abusivo de trabalho)

Se você vir algum desses sintomas em seu amigo, fale com ele sobre sua preocupação. Encontre ajuda para ele em sua comunidade, como grupos de apoio e talvez um psicólogo. Você não pode forçar seu amigo a procurar ajuda, mas você pode facilitar o seu pedido de ajuda.

Compreenda a importância da perda

Lembre-se sempre que a morte de alguém amado é uma experiência destruidora. Como resultado dessa morte, a vida do seu amigo está em reconstrução. Considere o significado da perda e seja compassivo e disponível nas semanas e meses que virão.


"Ajudar um amigo em sofrimento é uma tarefa difícil. Ajudar um homem em sofrimento pode ser especialmente difícil, então poucos amigos seguem seu desejo de ajudar. Eu encorajo você a permanecer junto ao seu amigo durante este momento doloroso. Sua presença contínua, paciência e o apoio o ajudará mais do que você imagina".

(Créditos: Tradução Karina Meneghetti)