terça-feira, 22 de dezembro de 2015

4 conselhos para lidar com Festas de Final de Ano




Para você, Meu Amigo,

Se as festas são difíceis para você. Se você está está com o peito sufocado em ver famílias se reunindo. Se a dor toma conta de você quando percebe que este ano, e ano que vem, e para sempre, vai sempre te faltar um pedaço. Se você quiser fechar as persianas, trancar a porta, e se esconder debaixo das cobertas até dia 02 de janeiro. Se você está de saco cheio de tudo, aqui estão alguns lembretes delicados para você nessa época de festas.

1) Eu sinto muito por sua perda. Isso que lhe aconteceu é péssimo!

Não há outra maneiras de contornar isso. Me desculpe. Tudo isso realmente é uma porcaria. Você não deveria ter que passar por isso, mas você está, e por isso, eu sinto muito. Eu gostaria que as coisas fossem diferentes. Às vezes, eu desejo que nunca ninguém precisasse passar por isso. Eu gostaria que a morte não existisse. Gostaria que relacionamentos nunca terminassem. Gostaria que a vida fosse melhor e mais fácil e plena de felicidade e que o mundo não fosse tão cruel.
Mas nem sempre é. E isso é uma merda!

Eu sinto muito.

2) Seja você mesmo!

Dê liberdade para si mesmo agora. Seja você mesmo! Quando você passa por situações difíceis, pode acontecer de acabar colocando um falso sorriso no rosto, fingindo ser algo que você não é. Dê-se permissão para ser autêntico. Cerque-se apenas daqueles que acolherão o seu verdadeiro eu, mesmo que pequeno, mesmo que machucado, mesmo que incompleto. Aqueles que aceitarão em receber você do jeitinho que você é.

Uma ferida que está constantemente coberta não cicatriza como deveria. Da mesma forma, se você nunca pode baixar a guarda e ser transparente, deixar as máscaras de lado, essa ferida pode nunca fechar.

Permita-se. Não importa como. Se encontrar um amigo e sentir vontade de sorrir, sorria! Está tudo bem! Seja você mesmo. Não há mal nisso!  Se estiver triste, que assim seja. Se estiver feliz, não se sinta culpado. Você é livre!

Nesta época de festas, faça o que puder para ser gentil com você mesmo. Seja você, meu querido!

3) Escolha ouvir o amor 

Como nem todas as circunstâncias são evitáveis, você pode encontrar-se ao lado de sua tia-avó, a quem você ama muito,saboreando deliciosos biscoitos de natal e ela quer, de alguma forma resolver todos os seus problemas por te amar muito! Ela pode dizer coisas ofensivas ou que te magoem. Ela pode dizer coisas que você não quer ouvir e nem gostaria que ela lhe falasse. Mas o melhor conselho que eu ouvi foi esse: “Escolha por ouvir o amor." É difícil, muito difícil, mas a maioria das pessoas que te amam realmente querem te aninhar em seus braços e tirar qualquer dor, mas eles simplesmente não sabem como.

Então, quando eles abrirem a boca, e você ouvir coisas que não deseja, escolha ouvir o amor. Escolha ver um coração que quer acolher, se aproximar do seu, mas simplesmente não tenho as palavras certas para dizer. Escolha ouvir apenas o amor.
Ajude dizendo o que lhe magoa ou que algumas palavras não te fazem sentido. Mas que você entende a manifestação de carinho e que talvez, ao invés de palavras, você prefere um abraço ou um café quentinho a dois.

4) Você nunca está sozinho.

Saiba que você não vai ser a única pessoa sofrendo pela falta de um filho durante as festas de final de ano. É uma realidade horrível, mas sei que para cada momento de dor que você sente, há alguém lá fora que provavelmente está se sentindo da mesma maneira. Sei que eles estão sobrevivendo. Eles estão respirando. Eles estão passando por esse caminho, e por isso você pode, também. Saiba que você não está sozinho. Saiba que você pode fazer isso. Saiba que podem fazer isso juntos! Saiba que você está indo muito bem, meu amigo…

Você nunca está Sozinho!!


Que seu coração encontre paz, esperança e força para seguir pelo caminho!

(Carta adaptada de Lexi, mãe do Charlen)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

As festas de final de ano chegaram. E agora??




Para nós que perdermos um filho, a temporada de festas pode ser uma época de esmagadora tristeza e asiedade. Os rituais familiares de união da família pode fazer nos sentirmos sozinhos e isolados.

Enquanto o mundo ao seu redor é comemoração, lidar com a dor e atravessar este momento extremamente difícil é um grande desafio para aqueles que estão de luto. A nostalgia da época pode renovar a dor da perda mesmo anos após a morte da criança. Nesses seis anos desde que o nosso filho, Josiah, morreu, eu descobri que
muitas coisas podem acionar a sensação de perda, cada uma trazendo novas ondas
de luto.

Quando uma criança morre, contraria totalmente a ordem natural da vida. O luto pode ser muito desgastante, tanto física como emocionalmente. Você pode perder a confiança na sua capacidade de tomar decisões ou de confiar nos outros. Perder um filho muitas vezes nos leva a rever conceitos: nós questionamos a vida, a justiça e nossas crenças religiosas. Quando o mundo está caindo sobre sua cabeça é difícil sentir que você tem qualquer qualquer coisa sob controle. Mesmo as tarefas mais comuns na casa e no trabalho podem se tornar dificeis.

Tente aceitar que os próximos dias de festa podem ser um momento muito difícil para você. O primeiro feriado sem o seu filho pode ser especialmente doloroso.
Reconsidere o passado e juntos, como uma família, criem novas tradições para a data festiva. Se você tem outra crianças, pergunte o que eles gostariam de fazer. Em seguida, decidam, em família, a melhor maneira de passar as festas.
Planejar como serão as festas com antecedência não vai mudar a sua perda, mas pode trazer a você uma sensação de controle sobre a ocasião.

Datas comemorativas podem ser dolorosas para aqueles que estão de luto. Por ser tão dificil, não exija muito de si mesmo nesse momento. Respeite sua escolha de como passará o dia e como honrará a memória de seu filho. Muitos pais enlutados vão dizer que olhar para além dos momentos de desconforto lhes ajudou a passar por essa época tão difícil. Muitas vezes, as famílias mudam a seus rituais familiares e optam por fazer algo diferente nas festas, especialmente no primeiro ano após a morte de seu filho. Os pais podem querer buscar refúgio ao realizar uma celebração mais isolada e nesse momento curtir as lembranças a sós.

Quando se trata de luto, as necessidades das outras crianças da família muitas vezes são esquecidas. Converse com seus outros filhos sobre seus sentimentos e como as festas tradicionais ainda pode ser um momento especial para elas. As crianças precisam expressar suas emoções conforme se adaptam à vida sem o seu precioso irmão ou irmã. Permita que elas decidam como celebrar os feriados também. É normal para elas chorar em pequenas doses. Num instante elas podem ser esmagadas por sua tristeza, e no próximo minuto brincam felizes da vida!

Procure maneiras de incluir a memória de seu amado filho em suas comemorações. Encoraje seus filhos a fazer algo criativo ou significativo. Pode ser um cartão ou algo que gostem de fazer. Podem acender uma vela especial, criar um enfeite para a árvore, ou participar de um evento de doação de brinquedos para crianças
carentes. Essas podem ser belas maneiras de honrar a memória de seu filho. Dar algo de si mesmo para outros pode ser a cura para a dor durante a época de festas.

Todo mês de dezembro, a nossa família assiste um coral cantar à noite no cemitério
onde Josiah foi sepultado. Nós também visitamos nosso hospital local.
Nos confraternizamos com famílias enlutadas e visitamos os profissionais
que cuidaram de Josiah. Este ano, nossas filhas irão pendurar o anjo tradicional na árvore de Natal do hospital e juntos confeccionaremos uma coroa de flores para levar ao cemitério. A cada inverno meu marido coloca doces onde Josias está enterrado, enquanto nossos outros filhos colocam pequenos enfeites na árvore de Natal do cemitério com uma mensagem a seu irmão no céu.

Procure maneiras criativas e significantes para honrar seu filho durante todo o ano. Muitos famílias visitam sempre o cemitério em ocasiões especiais como um feriado, aniversário de nascimento ou falecimento da criança. Outros pais acreditam que seu filho está  sempre com eles em espírito. Permita-se sentir a dor e a tristeza. As memórias das boas lembranças de seu filho irão ajudar a lidar com essas festividades.

Te encorajo a buscar consolo em pessoas que compartilham a sua dor. Encontrar
conforto em alguém que esteja disposto a lhe ouvir.

Você pode achar apoio nas redes sociais, já que muitas vezes as pessoas próximas de você podem não entender a profundidade da dor de sua perda.  Você vai encontrar força em quem compartilha de sua perda.

Escolha estar perto daqueles de quem não é necessário esconder sua dor. Aqueles que vão deixar você chorar suas lágrimas e compartilhar seus sentimentos. Você pode sentir necessidade de se distanciar daqueles que são insensíveis a sua dor ou que acham que, por já fazer um tempo, não dói mais.

Nossa sociedade não lida com a morte, e talvez aqueles que nunca passaram por essa tragédia não podem te compreender.

Tenha fé. O luto é um processo de ir deixando de lado o que era para aceitar o que é. É uma angústia e muito dolorido, mas também é a sua salvação. O luto é o processo de como entrar em acordo com a perda de seu filho.

Eu aprendi que você não se recupera após a perda de um filho. Você se adapta.
Você chega a um ponto em que incorpora a perda e essa passa a fazer parte de você.
O luto nos leva por um caminho imprevisível. Eu aprendi que não há nenhum desvio. Há apenas uma única estrada, e que é através dele. E descobri que isso é fato: Nos próximos anos vamos olhar para trás e descobrir que o sofrimento nos ensina sobre a vida. Nossa compreensão da vida vai se aprofundar.

Respeite a si, suas dores e seu momento. Decida com sua família como serão esses dias. Não há regra. Não há caminhos certos. Siga seu coração!

E que você se faça forte o suficiente para permitir-se ser fraco sempre que precisar. Que chore suas dores e a ausência daquele que tanto ama. Não há nada de errado, nem ruim em deixar doer!

(Baseado em carta de Shari Morash, mãe do Josiah)





sábado, 12 de dezembro de 2015

Quando um pai se despede do filho



Pensei que seguraria nas mãos do meu filho e o ensinaria a caminhar além dos muros da nossa casa. Vibraria com suas conquistas, seguras e, noutras vezes, recheadas de lágrimas. Eu, como pai, seria um lugar de força, um cais, uma estação de pausa e de fôlego para as andanças que o cansariam.
Pensei que envelheceria, teria domingos barulhentos, netos correndo pelo quintal, cansaço após o barulho do carro se despedindo, casa em desordem sinalizando a vida que vinha lá de fora. Meus cabelos brancos e minha voz, mudados pelos anos passados, sendo cuidados, cotidianamente, pela minha continuidade, você, meu filho.
A vida, essa senhora esquisita, sem cerimônias, linda em alguns dias e assustadora em outros, rindo dos meus sonhos presumidos me pediu outra alma, outro coração. Amanheço e preciso trocar de sonhos, de pés, mãos e coração, Senhor, trocar tudo. Meu filho você não chegará, alguns sonhos nem foram alçados. Eu, seu lugar de segurança, seu norte, me vejo frágil, com medo da hora seguinte.
Eu, pai, com lugares tão pouco povoados para a existência de dores masculinas, sigo. Meu silêncio, minhas mudanças de assunto e essa forma de trabalhar incessantemente, vão dando o tom da minha dor, sim, modos particulares de falar desse amor. Eu, herói nos seus medos, espantador dos monstros que habitavam os escuros do seu quarto, me apego a algo muito maior, no meu próprio silêncio, para cuidar das minhas dores e de sua mãe. Sim, meu filho,sinto medo quando não tenho você. Ore por mim, ore por nós, precisamos espantar os monstros do desassossego, precisamos que os vazios sejam apenas fora de nós, precisamos de você em nossas almas. Me ensina daí a ser forte…
Por Teresa Gouvêa
Fonte: Psicologia do Brasil