segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

As festas de final de ano chegaram. E agora??




Para nós que perdermos um filho, a temporada de festas pode ser uma época de esmagadora tristeza e asiedade. Os rituais familiares de união da família pode fazer nos sentirmos sozinhos e isolados.

Enquanto o mundo ao seu redor é comemoração, lidar com a dor e atravessar este momento extremamente difícil é um grande desafio para aqueles que estão de luto. A nostalgia da época pode renovar a dor da perda mesmo anos após a morte da criança. Nesses seis anos desde que o nosso filho, Josiah, morreu, eu descobri que
muitas coisas podem acionar a sensação de perda, cada uma trazendo novas ondas
de luto.

Quando uma criança morre, contraria totalmente a ordem natural da vida. O luto pode ser muito desgastante, tanto física como emocionalmente. Você pode perder a confiança na sua capacidade de tomar decisões ou de confiar nos outros. Perder um filho muitas vezes nos leva a rever conceitos: nós questionamos a vida, a justiça e nossas crenças religiosas. Quando o mundo está caindo sobre sua cabeça é difícil sentir que você tem qualquer qualquer coisa sob controle. Mesmo as tarefas mais comuns na casa e no trabalho podem se tornar dificeis.

Tente aceitar que os próximos dias de festa podem ser um momento muito difícil para você. O primeiro feriado sem o seu filho pode ser especialmente doloroso.
Reconsidere o passado e juntos, como uma família, criem novas tradições para a data festiva. Se você tem outra crianças, pergunte o que eles gostariam de fazer. Em seguida, decidam, em família, a melhor maneira de passar as festas.
Planejar como serão as festas com antecedência não vai mudar a sua perda, mas pode trazer a você uma sensação de controle sobre a ocasião.

Datas comemorativas podem ser dolorosas para aqueles que estão de luto. Por ser tão dificil, não exija muito de si mesmo nesse momento. Respeite sua escolha de como passará o dia e como honrará a memória de seu filho. Muitos pais enlutados vão dizer que olhar para além dos momentos de desconforto lhes ajudou a passar por essa época tão difícil. Muitas vezes, as famílias mudam a seus rituais familiares e optam por fazer algo diferente nas festas, especialmente no primeiro ano após a morte de seu filho. Os pais podem querer buscar refúgio ao realizar uma celebração mais isolada e nesse momento curtir as lembranças a sós.

Quando se trata de luto, as necessidades das outras crianças da família muitas vezes são esquecidas. Converse com seus outros filhos sobre seus sentimentos e como as festas tradicionais ainda pode ser um momento especial para elas. As crianças precisam expressar suas emoções conforme se adaptam à vida sem o seu precioso irmão ou irmã. Permita que elas decidam como celebrar os feriados também. É normal para elas chorar em pequenas doses. Num instante elas podem ser esmagadas por sua tristeza, e no próximo minuto brincam felizes da vida!

Procure maneiras de incluir a memória de seu amado filho em suas comemorações. Encoraje seus filhos a fazer algo criativo ou significativo. Pode ser um cartão ou algo que gostem de fazer. Podem acender uma vela especial, criar um enfeite para a árvore, ou participar de um evento de doação de brinquedos para crianças
carentes. Essas podem ser belas maneiras de honrar a memória de seu filho. Dar algo de si mesmo para outros pode ser a cura para a dor durante a época de festas.

Todo mês de dezembro, a nossa família assiste um coral cantar à noite no cemitério
onde Josiah foi sepultado. Nós também visitamos nosso hospital local.
Nos confraternizamos com famílias enlutadas e visitamos os profissionais
que cuidaram de Josiah. Este ano, nossas filhas irão pendurar o anjo tradicional na árvore de Natal do hospital e juntos confeccionaremos uma coroa de flores para levar ao cemitério. A cada inverno meu marido coloca doces onde Josias está enterrado, enquanto nossos outros filhos colocam pequenos enfeites na árvore de Natal do cemitério com uma mensagem a seu irmão no céu.

Procure maneiras criativas e significantes para honrar seu filho durante todo o ano. Muitos famílias visitam sempre o cemitério em ocasiões especiais como um feriado, aniversário de nascimento ou falecimento da criança. Outros pais acreditam que seu filho está  sempre com eles em espírito. Permita-se sentir a dor e a tristeza. As memórias das boas lembranças de seu filho irão ajudar a lidar com essas festividades.

Te encorajo a buscar consolo em pessoas que compartilham a sua dor. Encontrar
conforto em alguém que esteja disposto a lhe ouvir.

Você pode achar apoio nas redes sociais, já que muitas vezes as pessoas próximas de você podem não entender a profundidade da dor de sua perda.  Você vai encontrar força em quem compartilha de sua perda.

Escolha estar perto daqueles de quem não é necessário esconder sua dor. Aqueles que vão deixar você chorar suas lágrimas e compartilhar seus sentimentos. Você pode sentir necessidade de se distanciar daqueles que são insensíveis a sua dor ou que acham que, por já fazer um tempo, não dói mais.

Nossa sociedade não lida com a morte, e talvez aqueles que nunca passaram por essa tragédia não podem te compreender.

Tenha fé. O luto é um processo de ir deixando de lado o que era para aceitar o que é. É uma angústia e muito dolorido, mas também é a sua salvação. O luto é o processo de como entrar em acordo com a perda de seu filho.

Eu aprendi que você não se recupera após a perda de um filho. Você se adapta.
Você chega a um ponto em que incorpora a perda e essa passa a fazer parte de você.
O luto nos leva por um caminho imprevisível. Eu aprendi que não há nenhum desvio. Há apenas uma única estrada, e que é através dele. E descobri que isso é fato: Nos próximos anos vamos olhar para trás e descobrir que o sofrimento nos ensina sobre a vida. Nossa compreensão da vida vai se aprofundar.

Respeite a si, suas dores e seu momento. Decida com sua família como serão esses dias. Não há regra. Não há caminhos certos. Siga seu coração!

E que você se faça forte o suficiente para permitir-se ser fraco sempre que precisar. Que chore suas dores e a ausência daquele que tanto ama. Não há nada de errado, nem ruim em deixar doer!

(Baseado em carta de Shari Morash, mãe do Josiah)





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