segunda-feira, 13 de março de 2017

"Quantos filhos você tem?" - A pergunta Inevitável


(desenho do Ruben, filho da Fernanda)

Uma pergunta simples, uma pergunta como qualquer outra, uma questão tão normal ... Mas para aqueles que perderam um bebê não é.
Você hesita, fica em silêncio, pensa em frações de segundos e, instintivamente responde: "dois", "três" se você tem filhos vivos, ou "não tenho" se o seu único filho tem asas de anjo e conseguir vê-lo, aparentemente, não é o assunto da conversa, mas por dentro você se martiriza, vem a culpa, você sente que traiu seu bebê, ou o rejeitou pois, você tem um filho no céu e o negou .
As primeiras vezes que isso me aconteceu, rapidamente disse que tinha dois filhos e logo mudei de assunto e, em seguida, me senti mal por ter ficado calada. Mas disse à mim mesma que eu tinha que contar todos eles, porque eles são meus filhos, e no fim, estava naquele silêncio constrangedor que faz todo interlocutor terminar se desculpando ou abruptamente mudar de assunto.
Mas como você pode responder a essa pergunta inevitável sem se tornar um martírio emocional e cansativo?
Eu tenho pensado muito sobre isso e meu filho mais velho tem me ajudado a refletir nessa questão. Um dia ele chegou irritado e triste da escola porque um colega de quarto o havia ridicularizado por seus irmãos falecidos, e nesse momento lhe disse para não ficar irritado porque seu colega não tinha passado por algo assim e, portanto, não entendia e enfatizei que meu filho não devia explicações para ninguém, somente para aqueles em quem sentisse confiança para falar a respeito.
Aqui está a resposta: Se a pessoa que lhe pergunta lhe inspira confiança em você contar o que houve, responda-lhe com a verdade.
Apenas uma semana atrás, eu tive que ir resolver algumas pendências na documentação do meu filho e chegando lá uma senhora me questionou quantos filhos eu tinha. Contei minha história, e ela me pediu desculpas e me deu a confiança para continuar a lhe contar tudo. Falei sobre todo meu caso e foi bem bacana falar sem desconfortos, silêncios ou incômodos.
Não precisamos nos sentir culpados ou achar que estamos traindo nossos anjinhos, mas nem todos merecem uma explicação. Devemos deixar-nos guiar pelos nossos instintos e saber a quem responder, mesmo um completo estranho pode nos trazer confiança e assim, nos sentirmos seguros e à vontade para falar a respeito. 

(texto de Fernanda Olguin para o blog Mirar el Cielo - Tradução livre por Grupo SobreViver)

Um comentário:

  1. Exatamente como eu me sinto quando perguntam quantos filhos eu tenho,fico sempre pensativa na resposta e nem sempre falo dela ,mas quando não falo tenho um sentimento de culpa ,mas é isso mesmo quando não falo da minha estrelinha é porque sinto que não devo falar com determinada pessoa.

    ResponderExcluir